Uma MULHER líder da igreja? Jamais!
Existe um apócrifo, mas infelizmente excluído, em que Madalena, a mulher pecadora e adúltera na história tradicional, também seria um dos discípulos, inclusive casada com Cristo.
E mais importante, seria a escolhida para evangelizar e fundar a igreja cristã. Seria a líder e discípula escolhida pelo esposo para continuar sua missão terrena.
Quando foram escolhidos os textos que deveriam constituir a Bíblia Sagrada como conhecemos foi desconsiderado o evangelho de Madalena entre outros, que provavelmente feriam e ainda ferem os costumes e os interesses religiosos.
Madalena é, antes de tudo, um colocar-se no mundo enquanto MULHER.
Em Madalena de Caroline Diniz, inspirado por esse apócrifo, teremos movimentos de todos os tipos: transpiração carnal, prazerosa e a melodia pessoal e coletiva de trocas de vivências, de momentos e de diálogos. É o corpo e a mente trabalhando conjuntamente nas poesias, com o fim de alcançar a transcendentalidade.
E se você ainda não ficou tentado a adentrar nesta viagem transcendental poderá perder a oportunidade. Por que não se arriscar e colocar um pé perto da beirada, para enfim encarar a si mesma/mesmo? O abismo olhará de volta, ele será o outro te encarando e perguntando se você teria coragem de ver-se lá, bem no fundo.
Olhe.
Quem Sou Eu?
Meu nome é Caroline, tenho 23 anos, nasci em São Paulo e cresci no Capão Redondo, uma periferia bem conhecida em SP e que inclusive surgiu a banda Racionais MCs, com meus pais que saíram aqui do interior do Ceará para tentar a sorte no “sul maravilha”. Atualmente, eu moro em Quixadá, interior do Ceará, e me considero uma mulher cis e bissexual. Ao longo da minha trajetória, eu percebi que as pessoas me viam de uma forma que não condizia com o que eu era ou como era a minha vida (“bissexual é indeciso”, “nordestino não trabalha, só vive de benefício do governo”), e a escrita se tornou um lugar em que eu poderia falar sobre isso e, principalmente, do que eu vivia e do que eu desejava para mim e para as pessoas que estavam ao meu redor – pessoas negras, do nordeste, mulheres, pessoas que pertencem à comunidade lgbqiap+.
Ao longo da vida, eu usei a escrita como um refúgio e também como um espaço para me encontrar e me empoderar, e apesar das dificuldades, ter orgulho de onde eu vim e de quem eu sou. E quero te convidar a usar a leitura como esse lugar, um lugar seguro para sentir as suas dores e encontrar a sua força e o orgulho de ser quem você é e, principalmente, da sua história de vida.